Devido à variação em índices do governo do Estado, as regiões de Santa Maria, Uruguaiana, Santo Ângelo e Caxias do Sul passaram para a bandeira vermelha, conforme o modelo de distanciamento controlado. Com isso, medidas mais rígidas foram impostas a várias atividades e começam a valer nesta segunda-feira, estendendo-se pelas próximas duas semanas.
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No Coração do Rio Grande, a Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e o Sindicato dos Lojistas do Comércio (Sindilojas Região Centro) elaboraram, ontem, um documento que pede ao prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) busque, junto ao Estado, que o município não permaneça na classificação de risco alto de contaminação. De acordo com a presidente da CDL, Marli Rigo, as entidades entendem que o poder público precisa ampliar o número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Após receber o requerimento, o prefeito Pozzobom disse que a cidade cadastrou, junto ao Estado, mais sete leitos de UTI, no Hospital de Caridade. Além disso, ele fala que o Executivo já se organiza para fiscalizar as novas regras:
- O problema da contaminação não é culpa do comércio, mas da aglomeração de pessoas, como as que vão no Calçadão ou na Praça do Mallet passear e tomar chimarrão, por exemplo. Estamos em tratativas. A questão dos leitos não é tão simples. Temos que habilitar as UTIs, mas também precisamos de equipes médicas.
REAÇÃO
Segundo o presidente da Cacism, Luiz Fernando Pacheco, os empresários já esperavam essa troca. Ele lamenta a forma como o setor produtivo é tratado pelas determinações.
- A decisão política penaliza quem produz. Pelo que dá a entender, a responsabilidade do aumento de casos confirmados de coronavírus é das empresas. Discordo. Se há algum lugar em que as pessoas estão protegidas é dentro das empresas, que tomam vários cuidados - diz Pacheco.
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No entendimento do empresário, o poder público tem dificuldades para coibir as festas clandestinas e, em contrapartida, prefere limitar o comércio. Hoje, deve haver uma reunião na Cacism para que um posicionamento conjunto seja elaborado.
- Nessa semana, tinha gente jogando basquete no Parque Itaimbé, do lado da prefeitura. Há outros remédios, que são mais amargos, mas que, politicamente, são mais complexos de serem aplicados - analisa.
O presidente do Sindilojas Região Centro, Ademir José da Costa, espera que Santa Maria lidere um movimento para que o número de leitos na região aumente e, assim, a economia ganhe fôlego. Para ele, com mais um período de portas fechadas, outras lojas podem encerrar as atividades, só que definitivamente:
- Parece que aquele período fechado, entre março e o início de abril, não teve grandes efeitos. Não queremos fazer a crítica pela crítica. Temos de propor soluções.
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ALTERNATIVAS
Outras entidades e municípios se movimentam para tentar uma reversão das regras. Um exemplo é Caxias do Sul, onde a prefeitura irá encaminhar, segunda-feira, um ofício ao governador Eduardo Leite (PSDB) pedindo que reconsidere a troca de bandeira.
Em Santa Maria, o presidente da Associação de Hotéis, Restaurantes e Agências de Viagens (Ahturr), Emerson Nereu, irá pleitear que restaurantes de médio e pequeno porte sejam classificados como serviços essenciais:
- Santa Maria foi modelo para o restante do Estado ao conseguir liberar o funcionamento dos bufês com um funcionário servindo o cliente e outras medidas. Agora, temos outra demanda. Passaremos o dia lutando pela liberação de atender presencialmente.
Os shoppings só podem abrir lojas de alimentação, farmácia e lavanderias. Administrador do Royal Plaza Shopping, Ruy Giffoni considera que a mudança de bandeira foi errada. Para ele, as alterações não podem ser aceitas de forma passiva:
- Com uma postura de avestruz, que esconde a cabeça e deixa o corpo de fora, o governo do Estado ataca a parte mais responsável e organizada no momento. Tenho contadores eletrônicos que me permitem saber quantas pessoas estão no shopping em um exato momento e, portanto, não há aglomeração.
*Colaborou Rafael Favero